segunda-feira, 17 de agosto de 2015

COMO É FEITA A ANÁLISE DE ORIGINAIS



Você deve ter curiosidade de saber como, afinal de contas, é feita a análise de originais pela editora.
Vamos por partes. Primeiramente, vale relembrar que seu livro pode chegar à Editora de três formas:
A – Por email.
B – Via correio, no molde impresso.
C – Através de agente literário.
Assim que é recebido, seu original passará por alguém responsável por fazer uma triagem*, a fim de ver o que realmente vale a pena ser analisado, já que os originais que não atendem aos requisitos mínimos exigidos, nem mesmo chegam às mãos do analista.  E que requisitos são esses? Vamos a eles:
1 – O livro deve se adequar ao estilo da Editora, ou seja, será analisado se o livro pertence aos gêneros, assuntos e temas que ela costuma trabalhar. Também será avaliado se o público alvo, é o mesmo com o qual ela já trabalha.
2 – O original deve vir acompanhado de um bookproposal ou ao menos uma carta, um texto de apresentação decentes. Alguns editores já me relataram que descartaram livros sem ao menos ler, simplesmente porque a apresentação já continha tantos erros de português, ou era um texto tão truncado, que eles julgaram que nem valia a pena ler o manuscrito.
3 – Em seguida, será analisado o perfil (em resumo: vão fuçar as suas redes sociais e consultar os profissionais da área com quem você já trabalhou, desde blogueiros a designers, diagramadores e editores) e o currículo do autor, para se verificar se ele é uma pessoa idônea e qual é a sua formação.
4 – No caso de editoras sob demanda, é averiguado se o autor terá condição e disposição de pagar pela publicação.
* Os livros apresentados por agentes literários, não passam por essa triagem, já que, os originais apresentados por esse profissional, já passaram pelo crivo dele, que já está acostumado com as exigências da editora, e que apresentará apenas obras que correspondam aos requisitos exigidos.
Em seguida, os livros pré-aprovados, são entregues à pessoa responsável por analisar, de fato, o livro. Ela lerá a obra, observando alguns itens básicos, (entre outros, que poderão variar de uma editora para outra):
·         Coerência, desenvolvimento e estruturação da história
Será observado se o livro é bem desenvolvido, com personagens, cenários e cenas bem construídos, se há “furos” na trama, se o texto possui fácil e acessível interpretação, sem erros grotescos de concordância ou até mesmo de gramática, vícios de linguagem, etc. Também será analisado se o livro possui um bom ritmo, sem tornar-se enfadonho, cansativo ou repetitivo. Ainda será levado em conta se o livro pertence a uma série. Muitas editoras – e leitores - ainda resistem à ideia de publicar livros que possuem sequências. 
·         Relevância
 Por mais bem desenvolvido que seu livro seja, a história precisa ter algo de original, algo que chame a atenção do analista, que leve-o a crer que aquela história vale a pena ser contada, conhecida, e portanto, publicada. Seja por uma lição de vida, seja por reviravoltas surpreendentes, seja por possuir personagens cativantes.
·         Capacidade de cativar o leitor
 Já dizia Carl Jung:
"Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana."
Um livro pode ser muito bem escrito, mas se ele não levar o leitor a se envolver com ele, criando sentimentos deste com relação à escrita, esse livro muito provavelmente, está fadado ao fracasso.
·               Recepção do cenário literário atual ao tema proposto
 Uma editora dificilmente publicará livros de poesia, se o mercado, no momento, não está recebendo bem a poesia. As editoras buscam livros que atendam às expectativas do momento, aquilo que o público está ávido por consumir, afinal, ela precisa vender. É claro que há exceções: algumas editoras decidem apostar em nichos não explorados ou até mesmo esquecidos, para tentar mudar um pouco o cenário, mas isso, como eu disse, são exceções.
·         Forma como temas polêmicos são abordados, se eles existirem no livro
 Geralmente, as editoras até toleram que temas polêmicos tais como prostituição, drogas, pedofilia, alcoolismos, entre outros, sejam abordados, desde que o enfoque seja positivo. Por exemplo: você pode contar a história de um dependente químico, mas sem dar “glamour” ao uso de substâncias químicas, mas sim mostrando que as drogas são um malefício ao indivíduo e à sociedade.
·         Se o livro se adequa aos padrões propostos pela editora:
Esse item, na verdade, é uma continuação do anterior. Vou citar um exemplo: Certa vez, trabalhei numa editora, onde a proprietária se recusava a publicava livros de cunho machista. Esse é um claro exemplo de que os livros também precisam atender a certas normas particulares de cada editora. E é devido a isso, que muitas vezes um mesmo original pode ser recusado por uma editora, e aceito por outra.
·         Se o livro se enquadra na grade de publicação da editora
Algumas editoras costumam fechar sua grade no início do ano, a fim de planejar seus gastos, por isso, fique sempre atento aos prazos!

Após passar por todas essas etapas, a editora entrará em contato com você, dando-lhe o tão esperado SIM, isso, é claro, se você houver incluído em sua apresentação os seus dados de contato, outro ponto muito importante, que muitas vezes os autores esquecem e que por esse motivo, jamais recebem uma resposta!

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